RESENHA: FINAL DA UEFA CHAMPIONS LEAGUE


ROBBENRY! Finalmente...

Tem uma coisa que me irrita demais em jogadores de futebol: amarelar em jogos decisivos. Um atleta que demonstra o seu potencial durante boa parte de um torneio ou de uma temporada e deixa o seu rendimento cair nas partidas finais perde muita moral comigo. Mas há os que se recuperam.

Foi assim com Ronaldo na Copa de 2002. Eu não engolia os problemas de saúde do Fenômeno no dia da final de 1998. Cadê que isso aconteceu a um Romário, Zidane ou Rivaldo (este, o craque brasileiro mais injustiçado dos últimos tempos – fez duas Copas excepcionais)? Mas em 2002, ele ganhou definitivamente meu respeito. Respeito que um craque como Ronaldinho Gaúcho segue longe de possuir... Sempre precisaram ganhar as finais para ele (Belletti e Larsson que o digam), mas isso é assunto para outra hora.

Voltemos. Ou melhor, vamos ao assunto!

Arjen Robben é, sem dúvidas, um jogador acima da média. Dizem que ele só tem uma jogada, o que não é verdade. Mas ele utiliza tanto o corte seco, da direita para a esquerda, com o objetivo de concluir de canhota, que entendo quem diga isso. O fato é que funciona que é uma beleza. Há de ser observado que arsenal do holandês não se limita a estes lances, conforme demonstrado no sábado.

Mas na hora “H”, na bola decisiva, o sujeito falhava. Num passado recente, falhou em um pênalti na prorrogação da final da última Champions League. Nem todos devem se lembrar, mas na final da Copa do Mundo, recebeu um passe açucarado, banhado de leite condensado de Wesley Snejder e perdeu o gol, em bela defesa de Casillas. A estrela da Holanda continuou no sonho.

Pois finalmente o carequinha definiu a parada. Não sozinho! Contou notadamente com dois passes geniais do seu desafeto, o “galã” Ribery. Quando essa dupla funciona, sai de baixo.

Mas antes teve muita coisa na grande final. Como eu já esperava, a partida foi digna do melhor torneio de clubes do mundo e do clássico nacional, marcado por uma imensa rivalidade recente. Torcidas apaixonadas, grandes jogadores e futebol de altíssimo nível.


Neuer teve muito trabalho no início do jogo. (Foto: uefa.com)


Achei surpreendente que o Dortmund tenha conseguido pressionar o poderoso meio-campo do Bayern por tanto tempo. É certo que essa foi a característica do selecionado de Jurgen Klopp durante toda a competição, mas pensei que a equipe de Munique conseguiria se desvencilhar logo da pressão inicial do Borussia. Não foi o que aconteceu. Os aurinegros tomaram conta do jogo marcando no campo de ataque e criaram ótimas chances, evitadas pela atuação inspirada de Manuel Neuer.

A partir dos 30 minutos da etapa inicial, porém, o Bayern se acertou. Passou a manter a bola mais em seus pés e chegava no campo de ataque. Começou a levar perigo pelas pontas e nas bolas paradas, tendo obrigado Weidenfeller a trabalhar muito bem por algumas vezes. Na primeira um belo cabeceio de Mandzukic, espalmado para a linha de fundo. Depois, Robben teve duas ótimas chances e finalizou em cima do goleirão do Borussia, que saiu bem do gol. Parecia que os filmes das finais se repetiriam para o holandês. A equipe de Dortmund não esqueceu de atacar e obrigou Neuer a mais uma defesa difícil, saindo muito bem do gol para evitar a abertura do placar em finalização de Lewandovski.

A primeira etapa acabou 0x0, mas com gosto de 1x1, por baixo. Um jogo franco, movimentado e com muitas chances dos dois lados. Mas o segundo tempo reservou as maiores emoções.
Aos 15 minutos da segunda etapa, Ribery enfiou linda bola em profundidade para Robben, que saia frequentemente da ponta direita. O nome do jogo ficou à frente de Weidenfeller, mas, sem ângulo, preferiu cruzar. A bola atravessou a pequena área, passou por Schmelzer e chegou a Mandzukic, que apenas completou. Bayern 1x0.

A festa bávara não demorou muito. Aos 21 minutos, o sempre perigoso Marco Reus recebeu na grande área pela esquerda e o brasileiro Dante fez um pênalti tosco. Levantou demais a perna, errou a bola e acertou o peito do adversário. Gundogan deslocou Neuer e fez a alegria da muralha amarela! 1x1 em Wembley.

Daí em diante, sinceramente, não lembro de uma partida tão aberta e emocionante. O Bayern controlava as ações, mas o Borussia levava perigo nos contra-ataques. Müller recebeu ótimo passe de Mandzukic, driblou o goleiro e tocou. A bola rolou lentamente na direção do gol, mas o zagueiro Subotic chegou de carrinho como um louco e conseguiu salvar sua equipe. Minutos depois, Alaba e Schweinsteiger encheram o pé da entrada da área, após ótimas tramas ofensivas, para notáveis defesa de Weidenfeller.


Desta vez herói, Robben fez o gol do título. (Foto: uefa.com)


Perto do fim do jogo, quando todos já esperavam a prorrogação, Boateng lançou bola quase que despretensiosa ao ataque. O franzino Ribery, centralizado, conseguiu ganhar do lateral Piszczek e arranjou um passe genial de calcanhar para Robben. O holandês disparou, ganhou de três adversários, e tocou com categoria para definir o marcador. A comemoração dele foi impressionante. Carregado de emoção, entre lágrimas e aparentes desabafos a pessoas que estavam atrás do gol, Robben se redimiu definitivamente das finais passadas e escreveu seu nome na galeria de heróis do agora pentacampeão europeu.

Título mais que merecido, daquele que comprovou ser o melhor time europeu do momento, engrandecido pelos resultados contra grandes adversários que teve no caminho e valorizado pelo time do Borussia, em uma final inesquecível. Não duvido que,se a final fosse disputada em dois jogos, a muralha amarela fosse mudar essa história no Signal Park, mas o “se” só conta nos devaneios dos cronistas.

Com o título do Bayern, o blog mostrou mais uma vez que é bom de palpite. 100% de acerto desde as quartas-de-final! Apenas dois erros nas oitavas e um aproveitamento global de fazer inveja a PVC e aos apostadores londrinos...

Ah, confiram os melhores momentos e os gols da grande final aqui.

http://www.tvgolo.com/jogo-showfull-1369509129---50

Foi um enorme prazer escrever aqui no blog sobre a UCL. Espero que ano que vem continuemos o trabalho. Um abraço aos leitores do “Resenhas” e até a próxima!



Por Diego Cabús
Salvador

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