Previsão: Final da Uefa Champions League

 
A HORA DA ALEMANHA

Nada de suástica, superioridade ariana ou coisa parecida. O bigodudo lá errou feio. A Alemanha conquistou a Europa longe dos canhões e fuzis: foi com a bola nos pés.

Nestes poucos meses que tive o prazer de escrever textos aqui no blog, nunca declarei meu carinho especial com o futebol alemão. Isso não é de agora. Quem tem acompanhado os palpites e previsões pode perceber que eu já cotava o Bayern com grande favoritismo desde as oitavas-de-final, assim como não apostei jamais contra o Borussia Dortmund.

A noção de continuidade de trabalho, fator que considero muito importante para o sucesso no futebol, é levada a sério entre os germânicos. Sua seleção teve apenas 10 treinadores desde a sua fundação, o que ajudou a manter uma escola tradicional e vitoriosa. Nas últimas Copas do Mundo, porém, os alemães demonstraram muito mais do que sua famosa força e disciplina tática. Seu futebol, desde a passagem como treinador do grande ex-atacante Jurgen Klinsmann, se tornou mais vertical, mais avançado e vistoso. Não é à toa que a seleção alemã teve o melhor ataque nas duas Copas mais recentes.


Wembley já está pronto para a grande final. (Foto: uefa.com)


O Bayern e o Borussia, pode-se dizer, são dois times que espelham esta nova geração do futebol alemão. Jogam um futebol moderno, ofensivo e com valores individuais brilhantes. Estrangeiros têm espaço nas equipes, mas os jogadores que nasceram na Alemanha possuem enorme destaque nos planteis, em todas as posições do campo.

Tudo isso considerado, penso que a Champions tem sim uma final digna do seu tamanho. Duas equipes que já levantaram o troféu, que se digladiam há alguns anos pelo título nacional, com excelentes trabalhos dos treinadores, torcidas fanáticas e elencos de encher os olhos. Todos os melhores ingredientes estão aí. Muita gente sonhava com o Barcelona x Real Madrid, mas fica para outra hora. Os alemães mereceram (e muito) essa final. O palco para o espetáculo não poderia ser melhor: Wembley.

O Borussia, cuja torcida não me canso de exaltar, foi melhor que o Real duas vezes. Na fase de grupos e no mata-mata. Ainda que tenha tomado pressão dos merengues nos últimos minutos do jogo de Madrid, passou aperto mesmo no confronto contra o Málaga (quartas-de-final), quando precisou virar um jogo nos descontos, no embate mais emocionante do torneio, mostrando sua grande força em casa.

O time do Bayern, por sua vez, é avassalador. Colecionou goleadas históricas na temporada, venceu um título alemão com inúmeras rodadas de antecedência. Não tomou conhecimento da Juventus, muito menos do Barcelona, humilhado com goleadas acachapantes. Sofreu no jogo da volta contra o perigoso Arsenal, mas aquela derrota (como foi falado neste blog àquele tempo) não passou de um susto. Do goleiro ao banco de reservas, sobram talentos, comandados com brilhantismo por Juup Heynckes. Se o alemão ganhar mais esta taça, fico pensando o que Guardiola fará no ano que vem...


Mudança de Gotze pegou mal. (Foto: globoesporte.com)


Bem, se há alguma mancha neste confronto final é a negociação de Mario Gotze. O craque do Borussia já está acertado com o Bayern para o ano que vem e não deverá jogar a final, por contusão. Pegou mal! Tanto a saída para o maior rival atual (dizem que seduzido por rasgados elogios de Guardiola), quanto por esta contusão (possivelmente verdadeira, mas que levanta desconfianças).

Ainda mais considerando isso, avanço diretamente ao palpite: Bayern. Assim mesmo, seco, sem muita conversa. Os times se conhecem, o Borussia coleciona retrospecto favorável nos últimos anos contra os bávaros, mas a equipe de Munique joga um futebol dos mais belos que vi. Tem defesa, meio campo e ataque, com várias opções que desequilibram o jogo. Tem o monstro Schweinsteiger regendo o time, ainda que sem a companhia do excelente Kroos, ao lado de Martinez ou Luiz Gustavo. Mais à frente, a eficiência de Müller, a jogadinha de Robben e o talento de Ribery, municiado o matador Mandzukic (com SuperMario Gomez no banco). Atrás, Neuer e Lahm dão o tom do sistema defensivo, que ainda conta com a ótima fase do brasileiro Dante e de Alaba. Um timaço!

O Dortmund, é claro, tem suas chances. Além do bom histórico recente de confrontos, tem nas figuras de Marco Reus e Lewandowski verdadeiras esperanças ofensivas. A perda de Gotze é significativa, mas não deve impedir a marcação avançada e o ataque em bloco que caracterizaram o selecionado de Jurgen Klopp na competição. Faltará, sem dúvida, algum brilho, a não ser que estejam escondendo o jogo e o baixinho entre em campo. Mesmo assim, o favoritismo está do outro lado! Schmelzer e Pizsczek terão muito trabalho pelos lados, assim como o ótimo Hummels precisará estar inspirado. É bom que Weidenfeller também esteja nos seus melhores dias...

PALPITE: BAYERN.

Acompanhemos o jogaço!

Voltarei com a última resenha desta temporada.



Por Diego Cabús
Salvador

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