A Máquina, o Susto, Zico e a Muralha.


Dessa vez, 100% de acerto nos palpites do blog. Mas quase três dos quatro foram para o brejo! Confrontos sensacionais, muita emoção e os craques definindo. Isso é Uefa Champions League. Vou seguir em ordem crescente de emoção.


Bayern, já campeão alemão, vem com tudo com Mandžukić. (Foto: uefa.com)


A máquina de Munique ou dois vira e quatro acaba.

Como gosto de uma aliteração, essa se aplica com precisão ao Bayern. Campeão alemão com seis rodadas de antecedência (feito inédito), o Bayern simplesmente engoliu a Juve em Munique. Apesar de os 2x0 terem acontecido com participação direta do excelente Buffon, era para ter sido bem mais.
Com a vantagem, o Bayern foi mais passivo em Turim. O esquema armado por Juup Heynckes tinha um desenho ofensivo, mas os alemães aceitaram a pressão italiana por mais tempo do que eu imaginava. Martinez e Schweinsteiger avançaram pouco e o trio Robben, Muller e Ribery encostava mais na linha de trás que em Mandžukić.

A Juventus pressionou, mas nem tanto. Os italianos levaram algum perigo em jogadas pelo lado do campo, mas faltou presença de área para definir as jogadas. Em falta cobrada por Pirlo, Neuer fez grande defesa. O craque italiano encheu o pé no canto do arqueiro da seleção alemã, que bem colocado espalmou para escanteio.

Aos 18 minutos da segunda etapa, Schweinsteiger bateu falta, Martinez cabeceou a queima roupa para grande defesa de Buffon, mas Mandžukić estava lá para definir no rebote. Com o 1x0, os italianos precisariam de mais quatro gols para avançar. Ainda tentaram algumas jogadas, mas as coisas foram amornando e os alemães levavam até mais perigo ao gol. No fim do jogo Schweinsteiger serviu Pizarro que fechou o caixão.

Para a primeira partida das semifinais, o Bayern perdeu o croata Mandžukić (que vem em ótima fase). Podem substituí-lo Mario Gomez ou o próprio Pizarro. Há alguma perda nisso, mas as opções mostram que o Bayern é mesmo uma máquina.


Real não teve moleza, mas CR7 definiu. (Foto: uefa.com)


O susto dos golaços.

No Bernabeu, tudo nos conformes. 3x0 Real no bom time do Galatasaray. “Já classificou”, disseram alguns desavisados – eu inclusive! Início de jogo na Turquia, Cristiano Ronaldo faz o primeiro. Real 4x0 no agregado, com um gol fora de casa. “Classificados, fora o baile”. No primeiro tempo o Real ainda desperdiçou chance clara com Di Maria, após passe genial de CR7: linda defesa de Muslera. Acaba o primeiro tempo em Istambul.

No início da segunda etapa, Ronaldo perdeu um gol de cara em belo passe de Di Maria. No lance seguinte Eboué acertou um balaço da entrada da área e empatou. Ainda tudo nos conformes.

Três minutos depois, Drogba roubou bola na ponta direita e no bate-rebate a bola parou no pé de Snejder, que perdeu ótima chance. Aos 20 minutos, porém, o holandês recebeu passe de Altintop, com a perna esquerda colocou por entre as pernas de Varane e com a direita tocou na saída de Lopez. Golaço! Dois minutos depois, Drogba completou de letra cruzamento rasteiro e fez 3x1. Outra pintura. Antes faltavam cinco gols, agora só dois. Mas eles não vieram.

Os turcos pressionaram com bolas cruzadas e não levaram tanto perigo. Nos acréscimos, Cristiano Ronaldo, artilheiro isolado da competição com 11 gols (essa vai ser duro o argentino tomar dele!), sepultou o Galatasaray. 


O Cara, no sacrifício, mudou o jogo quando entrou, mas quem fez o gol foi Pedro. (Foto: uefa.com)


Zico e Messi.

Já ouvi mais de uma pessoa falar que o futebol de Messi lembra o de Zico. São franzinos, hábeis, velozes e decisivos. Tenho a impressão de que o flamenguista era mais de passe e o barcelonista de finalização, ainda que ambos sejam jogadores de muitos recursos. O ex-camisa 10, porém, está aqui por outro motivo.

Nas vésperas da Copa de 1998, o Brasil tinha uma das duplas de ataque mais festejadas da sua história. O experiente Romário, craque da Copa anterior demonstrava grande entrosamento com Ronaldo, prodígio daquele tempo, já eleito melhor jogador do mundo. A contusão do baixinho foi um choque para a torcida. A imensa maioria do povo defendia que Romário permanecesse entre os convocados, já que as previsões apontavam que ele teria condições de jogo na segunda fase do Mundial. 

Dizem as línguas (boas e más) que a figura de Zico como auxiliar técnico de Zagallo foi decisiva para o corte. Tenho até hoje na memória a entrevista do baixinho, aos prantos, comentando sua saída do grupo. O capítulo final daquela novela todos lembram, Ronaldo não suportou a pressão na final, teve uma crise convulsiva e mesmo assim foi escalado. França 3x0 Brasil e delírio das teorias conspiratórias. E se Romário estivesse lá? Bem, eu acho que a história seria diferente. Mas voltemos ao Barcelona x PSG.

As duas partidas foram duríssimas. Dois empates. Barcelona teve a vantagem na França e o PSG na Espanha. Ambos cederam o empate e o Barça avançou pelos gols marcados fora. A ótima equipe francesa jogou a maioria do tempo de igual para igual. Além disso, teve a classificação nas mãos quando a linda tabela entre Pastore e Ibrahimovic, aos 5 minutos do segundo tempo, terminou com o gol do argentino.

Mas foi aí que Vilanova e Messi deram uma lição a Zico e Zagallo. O craque contundido assistia angustiado ao jogo do banco, tremendo as pernas e roendo as unhas. Quando o PSG inaugurou o placar, Messi se levantou para intensificar seu aquecimento. Não sei se Vilanova já tinha o avisado que ele entraria se a equipe tomasse um gol, mas o fato é que Lionel sabia que agora o negócio era com ele.

Sua entrada em campo foi como o reforço de Aquiles e de seus homens no exército grego. Toda a equipe acendeu, cresceu de produção. Mas não é só isso! Messi recebeu a bola na intermediária, se livrou de dois marcadores e enfiou para Villa. O atacante, pressionado, rolou para Pedro que encheu o pé no canto esquerdo de Sirigu.

Barça classificado. Messi fez o que Romário talvez fizesse naquela Copa. Craque se leva... 


Loucura em Dortmund! (Foto: uefa.com)


O jogaço, a camisa e a muralha.

Depois de um jogo morno no La Rosaleda, em que o Borussia teve mais chances de tirar o 0x0 do placar que o Málaga, a partida de volta foi um verdadeiro espetáculo.

Os espanhóis souberam se portar de modo muito inteligente, com solidez na defesa, forte marcação no meio e uma noite inspirada do trio Isco, Joaquín e Júlio Baptista. Isso foi quase, quase suficiente.
Joaquín abriu o placar em bela jogada. Após uma troca de passes meio confusa com Isco e Júlio Baptista, ele fintou bonito o lateral Schmelzer e bateu de perna esquerda no cantinho de Weidenfeller. Perto do final do primeiro tempo, foi a vez do trio da equipe alemã funcionar. Gotze achou Reus, que deu um passe genial para Lewandovski driblar Caballero e empatar.

A segunda etapa foi épica. A equipe espanhola tinha a vantagem, mas não se acomodava com ela. Marcava longe da sua área e saía com perigo nos contra-ataques. O Borussia pressionava. Os dois goleiros trabalharam demais, com especial destaque para o argentino (na minha opinião muito melhor que Romero – merecia a vaga de titular na sua seleção). Jogadas perigosas se sucederam como uma cacetada do francês Toulalan (que teve ótima atuação na frente de zaga), defendida de soco pelo goleiro alemão. Caballero salvou a equipe em muitas oportunidades, em especial num chute à queima-roupa de Reus. Em uma jogada brilhante de Isco, Júlio Baptista bateu cruzado e Eliseu, impedido, completou para o gol. 2x1 Málaga, aos 37 minutos do segundo tempo.

Tudo parecia encaminhado quando o tempo foi passando e chegamos aos acréscimos. Mas o futebol tem seus truques. Sei que muitos discordarão, mas não acho que o Málaga virasse aquele jogo. Creio que tenha sido um misto de raça, camisa e da muralha enlouquecida que acompanha o Dortmund. Aos 46 minutos, o argentino DeMichelis (soberbo durante toda a partida) subiu e não cortou, após bate-rebate a bola sobrou limpinha para Marco Reus empatar. Dois minutos depois, outro chuveirinho, outra confusão e desta vez ela caiu com o brasileiro Felipe Santana, impedido, para consumar o milagre. Simplesmente fantástico. 

O Málaga, seus jogadores e Pellegrini merecem muitos aplausos. Mas aquela muralha amarela é mais difícil de derrubar que o Muro de Berlim.

O sorteio.

Não foi como eu queria! Gostaria de clássicos nacionais nos dois jogos e a final Espanha x Alemanha. Mas ficamos com Bayern x Barcelona (Nossa Senhora!) e Dortmund x Real (jogaço também).


Semifinal promete. (Foto:uefa.com)


Depois lanço as minhas previsões!


Confira nos links abaixo os melhores momentos e osgols dos jogos:

http://www.tvgolo.com/jogo-showfull-1365533230---50

http://www.tvgolo.com/jogo-showfull-1365533292---50

http://www.tvgolo.com/match-showfull-1365621933---50

http://www.tvgolo.com/match-showfull-1365620706---50



Por Diego Cabús
Salvador

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