Após derrota, Carpegiani deixa o comando do Leão.

 
Caiu o segundo treinador do ano na toca do Leão. Carpegiani em comum acordo com a diretoria e presidência se despediu do Vitória após a derrota diante do Atlético-PR em pleno Barradão lotado. Segundo os dirigentes, o elenco precisava de uma sacudida, já que a queda de rendimento da equipe só piorou no segundo turno da Série B. Carpegiani comandou o Vitória por 31 jogos, vendeu 19, empatou 6 e perdeu somente 6. Quem assume o comando do time nessa reta final é o eterno tapa-buraco e auxiliar Ricardo Silva, que tem pela frente a missão de motivar o elenco e conseguir de uma vez por todas sacramentar o acesso para a primeira divisão.

A saída de Carpegiani foi uma clara evidência de que o Vitória está sem comando. Se analisarmos o caso de Rodrigo, isso era um fato que poderia acontecer a qualquer momento. Ninguém na Toca do Leão dizia gostar do zagueiro por diversos motivos, e suas palavras antes da despedida, fazendo um alvoroço com a imprensa, traduziu bem sua situação no elenco. Assim como o zagueiro, o treinador veio para Salvador já com um peso nas costas de sua última passagem por aqui, quando houve um conflito aberto entre ele e o volante Uelliton, que vira e mexe voltava à tona a toda o momento este ano. Naquele momento da demissão de Toninho Cerezo no início do ano, já se sabia que tudo isso poderia acontecer caso Carpegiani assumisse o time, no primeiro momento de crise tudo seria relacionado a ele e a Uelliton que sempre gostou de falar demais, e nessa queda de braço mais uma vez sobrou para o técnico. Lógico, faltando tão pouco tempo para se conseguir o objetivo maior do ano e com uma queda de rendimento imensa, a solução mais simples era da demissão do treinador, já que os jogadores vão ser os mesmos que jogarão até o fim da competição. Como o foco principal é subir e faltam poucos jogos para o fim da Série B, era natural que se colocasse um novo treinador, já que todo o time não se pode mudar.


 
Domingo mesmo Carpegiani já se despediu dos jogadores e se mandou. (Foto: ibahia.com)

 
Minha preocupação maior não é com Carpegiani, que desde 2009 mostrou ser um bom profissional, consegue comandar a equipe bem, mas não sabe delegar, centraliza muita a responsabilidade, e no mundo do futebol amigo, não é assim que a banda toca, não vou nem entrar no mérito das invenções dele quando improvisa jogadores, não sabe fazer substituições durante a partida e nem sair de um momento adverso durante o jogo. Tudo bem que ele deu um padrão ao time, a equipe vinha bem, figurando a G-4, líder e favorita ao acesso, mas a queda gigantesca no segundo turno foi triste demais, e como se percebeu que o treinador perdeu o comando do time nada mais natural do que dispensá-lo. Até aí acredito que foi a solução mais bem tomada se levarmos em consideração o objetivo final, alguém saberia me dar outra solução senão esta? Talvez o fator premiação que vazou na imprensa posso ter sido o estopim para cobranças, talvez o valor não tenha sido o que se esperava pelo título, enfim, posso listar uma série de coisas que podem ter começado isso tudo, mas não mudaria nada. O grande erro sempre foi a falta de hierarquia no Vitória e de comando profissional, desde a queda para a segunda divisão alguns atletas já não deveriam estar aqui, como Léo, Uelliton, Neto Coruja e por aí vai, porque são desagregadores, individualistas e falam demais, e isso na hora da decisão é fundamental. Ricardo Silva a meu ver também deveria ser remanejado de função, todos os jogadores como sabem que ele é um cara que fala com todo mundo, é boa praça, é aquele boleirão mesmo, quando ficar insatisfeito com qualquer treinador que chegar, pode contar sempre com Ricardo Silva no “banco” de reservas como interino, uma coisa é ter um auxiliar fixo que tenha todas as informações para passar para o novo treinador, outra coisa é ter uma eterna sombra que os jogadores sempre podem ficar como zona de conforto.

Enfim, ainda falta muito para o Vitória chegar num nível profissional, essa questão de treinador é cultural do Brasil, pode e deve ser mudada, mas não será ainda por agora. O clube tem que buscar se profissionalizar, principalmente a diretoria, tem que dar autonomia para os funcionários trabalharem e acabar com essa política participativa que se encontra hoje. É difícil encontrar em qualquer lugar do mundo em uma competição de pontos corridos uma equipe que está somente a dois pontos do líder e 90% do campeonato entre os líderes entrar numa crise tão rapidamente. Estou torcendo para este ano acabar bem e logo, jogando bonito ou arrancando toco da grama, infelizmente teremos que esquecer o futebol bonito e pensar em vencer todos os jogos. Acredito que os jogadores vão querer mostrar serviço com Ricardo Silva e no fim deste ano vamos conseguir o acesso, até porque a premiação para subir já está definida, e o que jogador mais gosta caros torcedores, é de dinheiro e infelizmente e é isso que os motiva, o que é natural no futebol negócio que vivemos hoje.



Por Juba Leiro
Salvador

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