Primeiro Ba-Vi do ano sem violência, sem graça e sem gols.


Quando a gente escuta que vai ter Ba-Vi no final de semana, imprensa, torcedores, todo mundo fica ansioso pra chegar o grande dia. Mas ontem, todos receberam um balde de água fria na cabeça. Um jogo onde as duas equipes estavam desinteressadas, sem vontade de jogar e com raros momentos de perigo.

A começar pela escalação, Cerezo mais uma vez surpreendeu, colocando Uelliton junto com Rodrigo Mancha, na frente da zaga, Mineiro fazendo a ligação com o ataque, aproveitando sua velocidade e Róbston como terceiro homem pra ajudar no primeiro combate. Por se tratar de clássico, talvez a pouca idade dos defensores forçou Toninho a escalar o time dessa forma, mas muito conservador pra quem queria vencer. A falta de ritmo de Róbston era gritante, muitos passes errados, perdido em campo, enfim, uma partida pra ele esquecer.

O início do jogo começou em um ritmo alto, logo aos dois minutos Marquinhos tentou o chute de longe e contando com o desvio da zaga que enganou Omar, a bola quase entrou. A partir de então o Bahia passou a explorar a velocidade de Gabriel pela direita, já que Elton estava deficiente na marcação, aos 14 ele foi à linha de fundo e cruzou, Zé Roberto ajeitou pra Morais que rematou contando com o desvio no braço de Dankler, a torcida pediu o pênalti, mas o árbitro mandou seguir. Em seguida Gabriel tabelou e deixou Coelho sozinho que cruzou e Dankler se antecipou cortando pra fora. Mas o lance mais perigoso foi em um escanteio, que Fahel se antecipou ao goleiro Douglas e sozinho mandou a cabeçada pra fora, raspando a trave. Gabriel estava infernizando aquele lado mesmo, e mais uma vez passou por Uelliton e Rodrigo Mancha, e levantou, mas Douglas foi esperto dessa vez e se antecipou pra recolher a redonda. O Vitória não conseguia trocar passes e as alternativas eram as bolas alçadas na área, mas nada de perigoso, nem mesmo uma tentativa de Neto Baiano marcar de bicicleta, que foi parar longe do gol.


Marquinhos até que tentou, mas Vitória não jogou bem. (Foto: ecvitoria.com.br)


Após um deserto de ideias dos jogadores rubro-negros, no segundo tempo logo nos primeiros minutos houve um lampejo, Neto Baiano desviou de cabeça um chutão vindo de trás e deixou Marquinhos de cara com o gol, mas ele mandou na lua o remate. O Bahia foi pra frente e levou perigo em cruzamento de Hélder, e Morais sozinho, na pequena área, mandou pra fora assim como Fahel que também de cabeça obrigou Douglas a dar um tapinha pra linha de fundo. Toninho Cerezo via seu time ser dominado no meio de campo, tentando melhorar isso ele fez mudanças, colocou Pedro Ken no lugar de Mineiro (que já tinha visto o cartão amarelo) e logo em seguida Arthur Maia substituiu o fraco Róbston. Pouca coisa mudou, já que a atitude do time continuou a mesma, sem efetividade e sem vontade de marcar. Cerezo ainda foi forçado a fazer a terceira alteração, porque Uelliton sentiu a coxa e Michel foi pro jogo. E logo no primeiro lance, em uma bola cortada pela defesa tricolor, ele mandou uma bomba que foi pra rede, só que pelo lado de fora. Na jogada seguinte, Vânder, que havia acabado de entrar, carregou a bola pro meio e chutou forte, assustando Douglas.

No fim do jogo, o treinador Toninho Cerezo comentou sobre a partida e ficou feliz com o empate:


Cerezo falou muito no lado do campo, mas o time não rendeu. (Foto: ibahia.com)


- Eles estavam forçando muito o lado de Elton, eu queria Uelliton saindo pro jogo, mais longe dos zagueiros, porque agente só saia no chutão, mas ali de fora às vezes é complicado dar instruções

E concluiu:

- Agente precisa tocar mais a bola, olhar mais pro companheiro. Eu queria isso quando fiz as alterações, mas no fim, pelo clássico, o resultado foi bom.

Cerezo perdeu pro confronto contra o Camaçari no Barradão próxima quarta-feira, o volante Uelliton com dores no adutor da coxa, que inclusive foi substituído. O exame ainda será realizado pra saber a gravidade da lesão.

Depois das últimas partidas e de ver um Ba-Vi tão ruim, com um time com tanto medo do adversário, já estou com saudade daquele Cerezo de 1999. Todas as grandes equipes que fizeram sucesso na história do Vitória, 72 no Baianão daquele ano comandando por André Catimba, 74 no Brasileiro com Osni e Mário Sérgio e o próprio Catimba, em 92-93 com Roberto Cavalo e em 98 com Petkovic, tiveram como características o jogo pra frente, ofensivos e sem medo de perder. Cerezo inclusive foi o comandante de uma delas em 99, quando a equipe chegou á semifinal, buscando sempre o gol. Por isso minha indagação sobre a formação com quatro volantes, tudo bem que Mineiro vem jogando de meia, mas acho que ele rende mais como segundo homem, fazendo o combate e saindo rápido pro jogo. Compreendo que pode ter sido a falta de experiência ou até mesmo a falta de confiança numa zaga ainda jovem, mas a forma como o time jogou, foi feia demais. Não se via uma jogada bem trabalhada, e o principal pra se ganhar um clássico: superação e vontade de vencer, aí eu pergunto, foi pra ver aquele bando em campo que ele fez um treino fechado? O que ele pretendia esconder? O Cerezo destemido, com vontade de vencer ainda não desembarcou em Salvador, a prova disso é a atual posição do Vitória na tabela, na quarta colocação, oito pontos atrás do líder. Minha esperança é que a equipe mude de atitude logo, até porque tem qualidade e bons jogadores pra isso, porque senão Toninho Cerezo vai começar a ser cobrado pelos resultados e pelo futebol mal jogado.

Confira os lances do jogo.



Créditos do vídeos: globoesporte.com/ba (Rede Bahia / SporTv)


Por Juba Leiro
Salvador

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